3 DE MAIO, NA PRIMEIRA TARDE TÉLMICA: MOISÉS ESPÍRITO SANTO APRESENTA O NOVO LIVRO DE RUY VENTURA

08-04-2014 23:15

Por outro, temos a lenda do achamento da imagem do Senhor Jesus das Chagas, protector dos pescadores sesimbrenses (e não só). Essa narrativa coloca Sesimbra na rota da cruz, mas não de uma cruz qualquer. Trata-se de um símbolo com duas faces, sintético, como todo o seu território semeado de marcos simbólicos que conciliam os opostos. Lembro que a cruz é, para G. K. Chesterton, “o símbolo do mistério e da saúde”:  “[…] embora tenha no centro uma colisão e uma contradição, pode estender os seus quatro braços para sempre, sem alterar a forma. Porque tem um paradoxo, no centro, pode crescer sem mudar” (Chesterton, 1958: 55). É, também, uma via luminosa e de testemunho, de sangue e de redenção – “per crucem ad lucem”, tal como na árvore (DS, 68) em que o eixo primordial acabaria por se transformar – e, igualmente, na opinião de Guénon, um símbolo de totalização espacial e de união dos contrários (DS, 325). A cruz de Sesimbra, de onde pende um Cristo Morto esculpido no norte da Europa na primeira metade do século XVI (infelizmente vandalizado por um restauro bárbaro executado por curiosos sem ética artística), quando sai em procissão é dolorosa e florida, morte e ressurreição, paixão e aleluia.

Ruy Ventura, in O Eixo e a Árvore: notas sobre a sacralização do território arrábido
 
 

Depois de hoje, durante a manhã, ter proferido no seminário de Almada (antigo convento de São Paulo) uma palestra subordinada ao tema "Da criatura ao Criador: paisagem, povoamento e palavra na sacralização da Arrábida", especialmente dirigida ao clero da diocese de Setúbal e baseada, em boa medida, no seu mais recente livro, O Eixo e a Árvore: notas sobre a sacralização do território arrábido, Ruy Ventura, membro do projecto António Telmo. Vida e Obra, verá esta sua obra ser apresentada por Moisés Espírito Santo, no próximo dia 3 de Maio, na Biblioteca Municipal de Sesimbra, no âmbito da primeira TARDE TÉLMICA, numa sessão que tem início às 15:00. Sobre a Arrábida e os seus poetas, poderá o leitor recordar o que Ruy Ventura disse aqui