ANTÓNIO CARLOS CARVALHO COMENTA INÉDITO TÉLMICO SOBRE «O PROCESSO DAS PRESIDENCIAIS DE 86», DE ORLANDO VITORINO

13-01-2014 10:55

(...) Infelizmente não pude fruir um prazer intelectual análogo, ao ler o capítulo sobre “Os Camitas” (p. 33). Quando passei a idade dos 14 anos, que é, segundo os talmudistas, a idade em que é permitido ao rapaz ler e estudar o Pentateuco, tive-te como meu primeiro mestre. Depois seguiu-se o Eudoro de Sousa, o José Marinho, o Álvaro Ribeiro, o Agostinho da Silva e o Max Hölzer, que me prepararam, passando como quem não quer, para conhecer o único e verdadeiro mestre, de cujo nome o meu, teu Pai, pôs o remoto sinal etimológico ao baptizar-me de Telmo e até os que gostam de utilizar um diminutivo serviram, sem saber, a mesma ideia. Recordo nitidamente preceitos e ensinamentos dessa época distante, em Arruda dos Vinhos, quando o Anjo do Bem passou a assistir-me ao meu lado direito. Um deles era, e é, o seguinte: “Nunca devemos combater uma doutrina apresentando-a na sua forma degradada”. (...)

António Telmo, in "Ao Orlando Vitorino, sobre O Processo das Presidenciais de 86"

 

É mais uma importante e estimulante "descoberta" entre as várias que vêm sendo feitas no espólio de António Telmo, esta que o projecto António Telmo. Vida e Obra irá em breve dar a conhecer: um dactiloscrito de quatro páginas A4 de autoria télmica, dirigido a Orlando Vitorino (que não chegou a recebê-lo) a propósito do livro O Processo das Presidencias de 86 e, em particular, do capítulo sobre "Os Camitas", cuja análise, sem prejuízo da admiração genericamente suscitada pela leitura da obra do irmão, motivou a Telmo fundas discordâncias, elevada e lealmente expostas, em matérias tão importantes como a interpretação do sentido do guénonismo ou a leitura de O Encoberto, de Sampaio Bruno, mormente no que toca à tremenda querela havida entre camitas e semitas. Esta carta será aqui publicada na próxima semana, acompanhada do excerto em apreço do livro de Orlando e do autorizado comentário de António Carlos Carvalho.