UNIVERSO TÉLMICO. 33

18-02-2016 09:19

"O fingimento poético em Agostinho da Silva” (Máscara, ficção, verosimilhança)

Risoleta C. Pinto Pedro

Abordarei o tema do modo como tenho feito em relação a restantes partes da sua obra: do ponto de vista literário, mas não, exclusivamente, do ponto de vista da forma, porque nele, como nos melhores, a poética é essência e a ideia também dá forma.

Andarei entre literatura, pensamento e símbolo.

Entre o fingimento dramático, o fingimento poético e o fingimento biográfico.

Centrei-me, para não me dispersar, num livro publicado em 1943, as Sete Cartas a um Jovem Filósofo, seguidas de outros documentos para o estudo de José Kertchy Navarro: Quem é José Kertchy Navarro? O autor destes textos? Veremos.

Às sete Cartas seguem-se  “Os Poemas em Prosa”, um “Esquema Biográfico” e uma “Nota Final”.

 A reflexão que apresento é uma síntese inspirada por alguns estudos para dois ciclos do PAT.VO sobre Agostinho.

Este é um livro privilegiado para revelar a presença da máscara da verosimilhança na vida ou na personalidade (nas Cartas), a alma que se mostra (n’Os Poemas) e a ficção que escondendo revela (no Esquema biográfico).

Esta conversa que são as Cartas, parece-me ser, afinal, um processo literário de ocultamento do monólogo interior. Porque está à vista. Apesar de alguma cosmética literária no sentido da verosimilhança, em partes que permitem entrever os pretensos bastidores, como alusões a conversas entre cartas, alusões a contextos conversáveis fora do universo de observação do leitor, que nos deixam com curiosidade e vontade de preenchê-las nos pressupostos contextos do extra texto, como:

 “A menos que você prefira vir por cá para que palremos” ou ainda “A nossa última conversa foi tão rápida e em lugar tão pouco propício”,

Outras alusões, porém, aparecem como muito pouco verosímeis. Tal é o caso, quando escreve:

“Você tem razão num reparo que me fez:”,  e “como já teve ocasião de me dizer, não possuo muito o talento da construção lógica”. Ora este é atrevimento pouco plausível num jovem discípulo aspirante a filósofo. A menos que se chame… Agostinho da Silva.  Assim sendo, se não é alguém fora dele que lho diz, não é difícil tirar as conclusões, assim ficando justificado, para o leitor, o que anuncia:

“esta conversa de hoje tem fatalmente de seguir um pouco o curso errante de outras nossas conversas”.

O que há mais próximo deste “curso errante” que o monólogo interior?

Assim, como afirmei anteriormente, ele escolhe aquele de quem fala. E escolhe, daquele de quem fala, os aspectos espelho em que se revê. Nas Cartas, desdobra-se em si e si próprio, dá-se um nome, José, coloca-se, enquanto Luís, como discípulo de si mesmo e discorre. E temos, parodiando Flaubert com a sua Bovary: “Je suis moi” ou “c’est moi lui”, ou melhor ainda: “C’est moi Luís”, para finalmente: “Luís c’est moi”.

Vejamos como se denuncia:

“você, querido Amigo, estava em transe, em plena crise de faquirismo, e tanto lhe fazia que eu o ouvisse como não; ou falava como uma torrente que rompe o dique e rola sem nenhuma possibilidade de se conter, ou, como me parece que às vezes acontece consigo, falava para se ouvir a si próprio: é o grande perigo das pessoas que falam bem: […]  Note que não o censuro nada: você faz o que pode; mas há aí um lado inferior da sua personalidade; ou talvez seja o defeito de uma qualidade.”

Agostinho alerta Agostinho. E continua:

“Você tenciona, pelo que depreendo da sua carta, ser um filósofo. Não no sentido de que exporá doutrinas alheias ou construirá uma sua doutrina e se dará satisfeito com tudo isso, mas no sentido de que tentará pôr a sua vida de acordo com a sua filosofia”.

Como sabemos que Agostinho fez, no máximo que é possível, a alguém, consegui-lo.

Mas continuemos a observar este jogo de espelhos:

“Você, às vezes, dá-me a impressão de que, não tendo coragem para jogar a vida, se entretém em pequenos jogos dentro da vida, é fraco em tudo. Espero vê-lo um dia descer do vigésimo à cautela; a cautela convém-lhe porque é barata e sórdida.”

Seria demasiado chocante este aparente jogo de acusação, humilhação a roçar o insulto, se não estivéssemos num jogo de espelhos de José… Agostinho consigo mesmo. Só isso explica esta frequente incoerência entre o tratamento quase insolente que é dado ao destinatário da carta e a quase suplicante ternura com que se despede de quem acabou de insultar. É de uma escandalosa inverosimilhança:

“E passe por aqui quando puder. Sempre muito amigo.”

E novamente, o inquestionável diálogo consigo, o auto-conselho:

“Digo-lhe tudo isto porque você tem grandes tendências para a saúde absoluta e para forçar;”

Como sabemos ser o caso do nosso colosso( e se tivéssemos dúvidas, a biografia que ACF dele fez tirar-no-las-ia…).

A já conhecida e referida alternância de contrárias convicções, as aparentes contradições, fruto de um processo de espelhamento, são, muitas vezes, temperadas de uma incontida e inequívoca ironia, quando declara, por exemplo:

“Querido amigo, dê-me notícias suas ou apareça; aparecer é melhor, porque, no fundo, detesto a epístola.”

É muito interessante o “no fundo”, que remete para uma prática oposta ao que afirma: Nesta obra, constituída por epístolas, e na vida, em que as cartas foram uma actividade, quase diríamos se não receássemos o excesso da avaliação, compulsiva.

Paralelamente, neste exercício de auto-negação ou véu, uma outra passagem, o desenrolar de pensamentos a que nega a vertente argumentativa:

“Você julga que jamais alguém foi convencido por argumentos? O próprio verbo convencer se devia banir da linguagem corrente: as pessoas aderem, não são convencidas. E às suas ideias, por exemplo, hão-de aderir menos pelo que você pensar do que por aquilo que você for.”

O que entra em aparente contradição com o conteúdo das cartas, plenas de raciocínios muito próximos da argumentação, a menos que nas cartas se dirija a si próprio.

São cartas de filósofo para filósofo. Ou de filósofo para aprendiz. Ou de um Deus criador, desafiador, condescendente e insolente, para um aspirante a filósofo não menos insolente, às vezes, que o pretenso mestre.

O título das Cartas, meramente descritivo, a ter uma natureza interpretativa, poderia ser “Nosce te ipsum”, porque se trata, quase claramente, tão claramente quanto o encriptado pode ser claro, de um monólogo de autoconhecimento em forma de diálogo. Pela análise e pela argumentação consigo. Às vezes, a tocar a habilidosa afronta.

Como é irrequieto, por vezes está de um lado, por vezes de outro. É uma espécie de heterónimo instável, saltitante e imprevisível como ar. A partir de certa altura, previsível na sua imprevisibilidade. Ou um desdobrado pseudónimo que se reparte para melhor se encontrar ou conhecer. Como Deus está para a sua criação.

Talvez a citação que se segue ajude a confirmar o que acabo de afirmar:

“O criador é uma espécie de monstro em que há o homem e o outro; quem desanima, quem se abate, quem chora é o homem: o outro, se é grande, até os desesperos utiliza.”

É isso que tenta fazer José Navarro: transformar o homem no outro. Luís é, arrisco, o homem. Será ele José, o outro? Não temos dúvidas de que ambos são o monstro, ou, segundo ACF, o colosso.

É aqui, nesta bela expressão poética da sua ética da criação, que se desenha o que é para ele o real e o literário, a vida e o fingimento. Muito próximo da visão do, para si, futuro Pessoa:

“Não é quando se está em transe de amor, o único momento em que verdadeiramente se ama, que se escreve ou se compõe ou se pinta: é depois, quando o amor se abateu, quando reina o artista, quando é só em todo o campo e há do amor apenas a lembrança, […]”

Pessoa diz o mesmo de outra maneira:

“É como que um terraço sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. “

Noutra passagem quase de auto-retrato, antecipa ou justifica a visão de ACF, do “colosso”:

“Mas você é puro sangue: tem de saltar e tem de correr; tem de dar tudo o que puder e, se eu tiver alguma espécie de influência, há-de dar mais do que puder. Há-de-se inventar você próprio a você: criar um outro Luís, melhor do que esse que possui e obrigá-lo a criar, a esgotar-se todo na divina tarefa de criar.”

E avisa-se a si mesmo ou continua a fazê-lo, por causa das tentações:

“Pois bem, querido Amigo, por mim, pode você estar seguro: nunca lhe permitirei que faça, do que é, uma profissão, que gele no que pareceu interessante a você e aos outros, que seja uma atitude em lugar de uma pessoa, a figura de cera de um museu, sempre o mesmo, e catalogado.”

Não sei se foram estas cartas que lhe ou nos valeram podermos vê-lo hoje como

“o que é realmente vivo parte todas as molduras e regressa à liberdade da selva”,

mas não duvido que foi ele quem se valeu a si mesmo.

Houve uma moldura mais difícil de partir, a moldura da televisão, talvez nessa permaneça, ainda hoje, por e para alguns em parte aprisionado.

Talvez ele a tenha, misteriosamente, antecipado neste texto, como se soubesse, como em tragédia:

“Há em mim um certo gosto pela improvisação de circo: o clown nem sempre é muito lógico, mas às vezes faz perguntas embaraçosas e lança o remoque que vai ferir no mais fundo da alma o espectador inocente, o que entrou para se rir.”

Sendo ele o clown e o que entrou para se rir.

Talvez precise, contra todas as suas expectativas, ainda hoje, de nós. Ou, mais uma vez, de si mesmo, através de nós. Lendo-o. Dando-o a ler. Profundamente. Pondo fim às limitadas e limitadoras citações mecânica e vaziamente repetidas. O aforismo, genial, se mil vezes desfilado e ostentado, descontextualizado e superficialmente interpretado, pode ser o seu pior inimigo.

Sendo o seu maior amigo a obra lida, estudada, partilhada, publicada, transmitida, discutida. Acesamente, como ele gostaria. Com o respeito que é a ausência de reverência. Vejamos o que diz, numa espécie de auto-retrato, ou pelo menos assim o leio:

“ Deixe firmar-se a primavera também em si, uma primavera temperada de uns arrepios de ironia, com a acidez de Março em lugar das molezas perturbadoras de Maio.”

Não deixa dúvidas, não teria gostado de um culto superficial a que às vezes se assiste, das citações mastigadas, digeridas, cheias da moleza do prêt-à-porter, de um Espírito Santo liofilizado que não celebra a santidade do Espírito na santidade do corpo, de meia dúzia de expressões memorizadas e mecanicamente expandidas até à auto- extinção, pela fuga da alma.

Tenhamos a esperança que ele nos deixa, de que este veneno da simplificação, este macaqueio obsceno a que corajosamente se expôs não nos faça mal e não o mate. Na vida, como na morte:

 “Na minha vida, o que foi bom em si veio a ter muitas vezes consequências nada benéficas; e o contrário.”

Quem fala? Agostinho ou José Navarro? Atrevo-me a responder flaubertianamente por ele: “José Navarro c’est moi”.

O auto-retrato, a auto-biografia, a auto-análise, implícita ou explícita, são uma quase constante. Frequentemente debate consigo, coisa a que não conseguia resistirTalvez tenha sido esta prática de debater com ele mesmo, o laboratório onde se criou o colosso, aquele que desde muito cedo não deixava ninguém sem resposta e que muitas vezes deixava os interlocutores sem palavras.

O uso da analogia é frequente e surge no próximo exemplo a propósito do sofrimento na vida como forma de pagar o bilhete da viagem. Aqui se percebe como muitas vezes a herança estoica, que partilha, ainda sem o saber, com Ricardo Reis, aparece como uma máscara ou disfarce do judaísmo. É o caso da interessante metáfora do pão da vergonha que embora não apareça assim designada, é uma réplica perfeita da imagem judaica para todo o bem que se recebeu e que não se fez nada para merecer. Que começa com a criação.

Explico, antes de voltar a Agostinho: perante a sua condição de ser criado à imagem perfeita do criador, a criatura sente o desconforto do desmerecimento. Ora, não pretendendo o Pai que a bênção se transforme em condenação, assim responde à criatura: Pois meu filho, seja como tu quiseres.

Esta poderia ser uma narrativa da queda contada às crianças que existem em nós. Agostinho apresenta a versão para adultos:

“como queria você viver sem um tormento? Estar de graça no Teatro da vida? Não teria boa consciência, não é verdade? Pague o seu bilhete. E o bilhete é sempre sofrer.”

Aqui temos, para além da confissão teatral com que vê a existência, a visão judaica da queda. O ganhar o pão com o suor do rosto, por sua própria vontade. O conquistar aquilo que já se é, para se merecer o que já se tem. Mas não se fica por aqui, estamos em plena doutrina da reintegração dos seres temperada de estoicismo:

“aqui poderíamos dizer que a dor o levará ao que há de mais profundo e de mais nobre no ser humano”,

Modera esta visão muitas vezes crua da vida, a beleza do inspirado estilo:

“chove sobre o justo e o injusto”,

neste caso, a metáfora em taça de antítese.

A última carta pode ser, de algum modo, a chave para os três dons com que abemaldiçoa o jovem filósofo, que talvez seja ele mesmo:

Que falhe,

que tenha uma vida dura

e que se sinta só.

Numa espécie de ética da amizade que define assim:

“Só maltrato os amigos”.

E eu pergunto-me: Será ele o seu melhor amigo? Quem é aqui amigo de quem? Talvez como na canção brasileira: Agostinho amigo de José, que é amigo de Luís, e Luís que ainda é muito novo para ser amigo seja de quem for e muito menos de si próprio…

Que leva um autor a escrever um livro de tão duros conselhos? Talvez o medo de… amolecer?

Vejamos:

“Estou a exigir muito de si? Quem lhe há-de exigir muito senão os seus amigos? Eles receberam o encargo de o não deixar amolecer e, pela minha parte, tenha você a certeza de que o hei-de cumprir. “

Promessa que cumpriu. Pelo menos, em relação a si mesmo.

No Esquema biográfico e Notas, que não poderei desenvolver aqui, por causa do escorrer dos minutos, encontramos o fingimento biográfico.

Mas posso adiantar que, segundo a semi-forjada biografia, José Kertchy Navarro vai ser filho de actriz. Esse actor que, como muito bem afirma Rui Lopo, se adapta aos públicos para quem fala, só poderia ter uma mãe actriz, através da qual vai descansar. Esse incansável trabalhador criará para si uma mãe que consegue “estar horas deitada num divã, perfeitamente imóvel, em silêncio.” Impensável para o filho!

No primeiro texto, as Cartas, o estilo oscila e às vezes concentra o coloquial e o poético.

O segundo, Os Poemas em Prosa, são poesia em estado puro.

No terceiro, a biografia, o estilo, sendo cuidado, não se eleva ao poético, tende mais para o corrente.

Num tão pequeno livro, três climas literários perfeitamente identificáveis. O saudável fingimento, a estética e poética pose, o disfarçado auto-retrato.

Mas recuemos um pouco, à parte incrustada: “Os Poemas em Prosa”, as joias da coroa, entre as Cartas e o Esquema Biográfico, entre a Filosofia e a Biografia a fingir-se de verdadeira, sabendo que ninguém acredita… no que não é de acreditar. Uma espécie de manobra de diversão para desviar a atenção daquilo que verdadeiramente importa:

 Que é o que quase se esconde no meio, o tesoiro escondido para quem o souber encontrar. Ou necessitar. Ou merecer.

O título desta parte, “Os Poemas em Prosa” e ao contrário da gralha que poderia parecer mas não é, contém em si o definido “Os”. Não são “Poemas”. São “Os Poemas”. Este é um indiciador, uma espécie de bula onde podemos ler no definido “Os”: a eleição, a escolha, a elevação, a distinção.  Como se George Agostinho não se concedesse o risco?, a ousadia?, de tal lirismo, de total ausência de ironia, crítica ou cinismo. Como se se despisse daquele que é, muitas vezes, injustamente considerado o seu estilo.

Aqui, Agostinho rende-se à poética sem porquê. Daqui, toda a clássica argumentação se retirou. Mais música, mais sem máscara. A única, que existe, é a da lírica, o fingimento poético. Afinal… o maior de todos.

Nas Cartas, o fingimento dramático, aqui n’Os Poemas, o fingimento lírico, menos pose, menos maquilhagem, menos luzes, menos cenário. A paisagem é interna e menos racional. Mais difícil de destrinçar…

O aquário transforma-se em harpa, e com máscara de ar, de si em si mesmo disfarçado, com a verdade não se engana:

“Tudo em mim vem e tudo ao mundo eu torno a dar”, “aos outros me entreguei e neles penso, por eles vivo, sem que um momento prenda em mim as harmonias”.

Estamos perante azulejos de um poético painel autobiográfico à frente do qual se esconde, ou revelando oculta aquilo que mais quer que não se saiba, mas não suporta, sempre, não dizer. Por isso o canta. Por isso é harpa e a Éolos pede a voz para que não se saiba, como sendo seu, o que é preciso, ao menos uma vez, dizer:

“Porque em mim sei do que não vibra, do que foi morto desde início,”.

Eis o segredo tão difícil de dizer que só cantado, que só soprado se tolera. Mais fácil é à harpa dedilhar com dedos de vento “o silêncio fatal em que o mundo, para além da minha força, virá a descobrir a fraqueza, que, impiedosa, me condena.”

Aqui está o segredo por detrás da máscara.

“Este  homem tinha uma imensa máscara e poucas vezes se desnudou. Era tão bela que se desculpa, que não fazia mal usá-la.

N’Os Poemas podem encontrá-lo travestido de Anjo, de Jacob, de Água e de Harpa... Exorto quem ainda não o fez, a que vá lê-lo e a dizer-lhe que lhe perdoa toda a fraqueza e “tudo o que foi morto desde início”. Que não tem importância. Porque não tem. Porque Agostinho tem o dom da ressuscitação.

Talvez este dom entre o poético e o profético que aqui encontro explique o afã de Agostinho no falar. Era preciso que os ruídos falsos das estátuas mortas não o distraíssem da escuta dos mundos a que ele tinha acesso e onde ouvia as harpas, as gotas de água e a fala dos Anjos e os silêncios de Deus.

 “Os Poemas em Prosa”, poesia heroico-lírica, exaltam poética e dramaticamente, numa clássica tragicomédia auto-biográfica em três actos, a sagrada fraqueza. Com compasso, ritmo e melodia, pelas vozes do Anjo, da Água e da Harpa. Teatro de sombras com um único actor vestido de escuro, como um demiurgo, manipulando a luz, por detrás do mundo.

 

16 de Fevereiro de 2016, FLUL